Militares torturaram e mataram jornalistas durante ditadura
07 de abril de 2024 - 21h07
Por Lúcia Rodrigues
Hoje é o Dia do Jornalista.
Mas nem sempre foi fácil levar a informação à população. Nos Anos de Chumbo vários jornalistas pagaram com a própria vida por exercer o seu papel.
Vladimir Herzog, o Vlado, e Luiz Eduardo da Rocha Merlino são dois dos mortos sob tortura pelos verdugos do regime militar.
Ambos foram assassinados no DOI-Codi de São Paulo, o principal centro de tortura da ditadura, e onde até hoje funciona a 36ª Delegacia de Polícia, na rua Tutóia, 921, no Paraíso, zona sul da capital paulista.
Nos dois casos, a ditadura tentou montar uma farsa acusando-os de cometer suicídio.
Para Vlado, disseram que a morte teria sido provocada por enforcamento.
Versão desmentida pela própria foto divulgada, em que ele aparece pendurado pelo pescoço com as pernas dobradas.
Em relação a Merlino, os militares o acusaram de ter se jogado sob um veículo quando tentava fugir da repressão.
Fato desmentido pelos demais presos políticos que estavam detidos no mesmo local e o viram praticamente morto após as sessões de tortura.
Seu corpo não foi entregue à família. O cunhado de Merlino, que era delegado de polícia, conseguiu localizá-lo no IML e impediu que fosse enterrado com nome falso e engrossasse a lista de desaparecidos políticos da ditadura.
À época Merlino era repórter da Folha da Tarde do grupo Folha e Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura e professor da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo).
Assista a seguir vídeo de 1983, em que o então comandante Militar do Planalto, general Newton Cruz, agride o jornalista Honório Dantas durante entrevista.