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ATAQUE

Deputado bolsonarista que xingou Papa de vagabundo evita mais uma vez suspensão pela Assembleia de SP

O deputado bolsonarista Frederico D’Avila na tribuna da Assembleia Legislativa Foto: José Antonio Teixeira/Alesp

18 de maio de 2022 - 18h35

Por Lúcia Rodrigues

O deputado bolsonarista Frederico Braun D’Avila (PL) que xingou o Papa Francisco e o arcebispo de Aparecida, D. Orlando Brandes, de vagabundos, safados e pedófilos e disse que a CNBB era um câncer a ser extirpado (assista vídeo abaixo), conseguiu se safar mais uma vez da punição.

É a segunda vez consecutiva em uma semana, que a sessão plenária que julgaria o processo aprovado pela Comissão de Ética da Casa, que pede sua suspensão por três meses do Parlamento, não obteve quórum.

O deputado Gil Diniz, o Carteiro Reaça (PL) chegou a pedir o esvaziamento dos trabalhos pelos parlamentares da base bolsonarista.

Os ataques de D’Avila contra os religiosos foram feitos da tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo em outubro do ano passado, em retaliação ao posicionamento de D. Orlando durante a missa de Nossa Senhora Aparecida em que afirmou que a pátria amada não pode ser armada.

A pena proposta pelo Conselho é considerada branda por muitos parlamentares. “Foi um erro a Comissão de Ética não aprovar o pedido de cassação”, enfatiza o deputado Carlos Giannazi (PSOL).

Ele explica que D’Avila tem força para driblar a punição, por ser ligado ao agronegócio. “Tem um núcleo bolsonarista (na Assembleia) de uns 10 deputados, que atrapalha a votação em plenário”, ressalta.

A blindagem exercida para proteger D’Avila contrasta com a vulnerabilidade a que está exposto o vereador curitibano Renato Freitas (PT), que corre o risco de perder o mandato nesta quinta-feira, 19, por ter se manifestado contra o racismo dentro de uma igreja.

“O Renato sofre perseguição política. A Câmara de Curitiba é racista, preconceituosa. Não tolera que um negro preparadíssimo exerça suas funções. A questão do protesto na igreja é só um pretexto para cassá-lo”, argumenta Giannazi.

Histórico de ataques

Já o ultradireitista paulista é conhecido por criar confusões na Assembleia Legislativa. Em fevereiro de 2020, durante a votação em segundo turno da Reforma da Previdência do Estado, ele simulou com as mãos o fuzilamento dos servidores públicos que acompanhavam a votação do projeto nas galerias.

À época o então líder do PT,  Teonílio Barba, antecipou que o partido entraria no Conselho de Ética contra ele. “É herdeiro da chibata, do processo escravocrata. Por isso, ameaçou atirar em vocês (servidores públicos). Vamos fazer uma representação contra ele (na Comissão de Ética).”

Antes disso, em novembro de 2019, com apenas nove meses de mandato, D’Avila conseguiu a proeza de ser desautorizado publicamente pelo então presidente da Assembleia, Cauê Macris (PSDB), que proibiu a realização da homenagem que o bolsonarista queria fazer ao ditador chileno Augusto Pinochet.

A homenagem havia sido marcada, inclusive, para 10 de dezembro, quando se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Com apenas três dias de mandato, D’Avila apresentou projeto de lei para implantar o ensino militar nas escolas de níveis fundamental e médio de São Paulo.

“O desamor à Pátria, incutido nas mentes jovens está ocasionando desagrados dos mais variados no âmbito escolar, familiar e social. Há evidente necessidade de internalizar disciplina”, diz trecho do projeto.

Ele também quer tornar obrigatório o hasteamento da bandeira imperial (da monarquia) nas escolas de ensino pré-escolar, fundamental e médio do Estado durante os dias letivos da Semana da Pátria.

Em outro projeto, quer interferir na estrutura do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), colocando representantes da PM e da Polícia Civil no órgão  que investiga os crimes praticados por policiais.

“Não se pode consentir que entidades representativas dos direitos humanos atuem praticamente sozinhas, que atuem em evidente posicionamento político partidário e ideológico, preterindo justamente o que pregam: a união, a diversidade e a inclusão”,  afirma trecho da propositura.

Ruralista, D’Avila é vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) de São Paulo e do Brasil. Foi diretor e conselheiro da Sociedade Rural Brasileira e assessor especial do ex-governador Geraldo Alckmin entre 2011 e 2013, além de ter integrado a equipe de transição de Bolsonaro.

Assista a seguir ao vídeo em que Frederico D’Avila xinga o Papa, o bispo e a CNBB.


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