Braga Netto nomeou mandante da morte de Marielle para chefe da polícia civil um dia antes de execução

24 de março de 2024 - 11h52
Por Lúcia Rodrigues
O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, apontado pela Polícia Federal como um dos mandantes da execução da então vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), foi preso na manhã deste domingo, 24.
Ele foi nomeado para o cargo um dia antes da execução da parlamentar pelo general Walter Souza Braga Netto, que à época era o interventor federal da Segurança Pública no Rio de Janeiro.
Além do ex-chefe da Polícia Civil, foram presos como mandantes do crime, o deputado federal bolsonarista Chiquinho Brazão (União Brasil – RJ) e seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Ambos conhecidos pelo envolvimento com a mílicia carioca.
Além das três prisões, também foram expedidos mais 12 mandados de busca e aprensão.
Policial criminoso
Antes de chefiar a Polícia Civil, Barbosa dirigiu a Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro. E esteve à frente de investigações como a morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, na Favela da Rocinha, em 2013.
Ele foi a primeira testemunha a depor no processo dos policiais militares acusados de envolvimento na morte e desaparecimento do trabalhador. Até hoje o corpo não foi devolvido à família.
À época, Barbosa declarou que os réus realizaram “uma manobra ardilosa para imputar a terceiros a tortura que resultou na morte da vítima”.
Agora, o delegado é apontado como tendo atuado para atrapalhar as investigações da morte da parlamentar.
O envolvimento de um policial da cúpula da polícia carioca demonstra como o crime organizado tem fortes tentáculos dentro do aparato da segurança pública do Estado.
As motivações do crime contra Marielle ainda não foram totalmente esclarecidas, mas estariam ligadas ao fato de a vereadora atrapalhar os negócios da mílicia na zona oeste do Rio, onde os irmãos Brazão têm influência.
Freixo perplexo
Marcelo Freixo se diz surpreso com o envolvimento de Rivaldo Barbosa na morte de Marielle.
“Eu liguei para ele e avisei que tinham matado a Marielle. Ele conhecia a Marielle. Ele recebeu a família (da vereadora) comigo. É uma mostruosidade, é muita frieza.”
Freixo ressalta que a milícia surge no Rio de Janeiro como instrumento de poder. “É um crime de grandes negócios econômicos e políticos. Isso só existe no Rio”, lamenta.
Ele lembra que neste domingo, 24, seu irmão, morto por milicianos, completaria 52 anos. “Foi assassinado pela milicia aos 34 anos.”