Bolsonarista que quebrou placa de Marielle quer premiar centro de tortura da ditadura militar
28 de fevereiro de 2023 - 16h31
Por Lúcia Rodrigues
O deputado bolsonarista Rodrigo Amorim (PTB-RJ), que protagonizou o episódio da quebra da placa da vereadora Marielle Franco, com Daniel Silveira em 2018, quer homenagear o 1° Batalhão do Exército do Rio de Janeiro, onde funcionou o DOI-Codi da rua Barão de Mesquita, um dos principais centros de tortura da ditadura militar.
O projeto do parlamentar carioca está pronto para ir a voto no plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 1.
Pelo local, que Amorim quer premiar com o título de Construtor da Paz, passaram milhares de presos políticos durante Anos de Chumbo. Todos foram torturados e muitos deles, mortos.
Victoria Grabois, dirigente do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro está indignada com o projeto do parlamentar bolsonarista.
“Como ele pode dar um prêmio de paz a um local que prendeu, torturou, matou e desapareceu com os corpos de nossos companheiros, sendo o caso mais emblemático o do deputado Rubens Paiva. É uma proposta absurda! Não podemos aceitar isso em uma democracia. O Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro protesta veementemente contra a proposta desse deputado”, enfatiza.
Victoria é uma das vítimas atingidas pela ditadura militar. Ela perdeu o pai, o irmão e o companheiro assassinados pela repressão durante a Guerrilha do Araguaia.
“Entendemos (esse projeto) como uma provocação. Eles (bolsonaristas) tentaram dar um golpe de Estado no dia 8 de janeiro e tentaram matar o presidente (Lula) no dia da posse. O Grupo Tortura Nunca Mais tem de denunciar (esse projeto) para a Comissão de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos)”, frisa a ativista de direitos humanos.