Atos golpistas em frente a quartéis acabam, quando financiadores forem presos
15 de novembro de 2022 - 12h59
Por Lúcia Rodrigues
Se o ministro Alexandre de Moraes quiser estancar as manifestações golpistas em frente aos quartéis, tem de começar a mandar prender os seus financiadores.
A velha máxima Follow the Money, em tradução para o português, Siga o Dinheiro, se encaixa como uma luva, para ele desbaratar a organização criminosa que está bancando o atentado contra o resultado das urnas que elegeu Lula.
Não é difícil identificar quem está pagando pelos trios elétricos, banheiros químicos e pelas imponentes barracas, assim como descobrir a quem pertence a frota de caminhões estacionados em Brasilia e que atravancaram as estradas por dias a fio.
Até mesmo quem está pagando a comida que é servida aos golpistas é possível identificar.
Alguns, como o policial civil Leandro Basson, candidato derrotado a deputado estadual no Estado de São Paulo na eleição de outubro pelo bolsonarista PSC, facilitam a vida de Moraes.
Reportagem de Holofote revelou que o policial publicou vídeo em seu Facebook, que mostra um homem tirando alimentos de um carro, cujo logotipo da empresa tem o mesmo sobrenome que o seu, e os entregando aos golpistas.
O veículo da Basson Vigilância e Segurança estaria, segundo o policial, em frente 12° GAC (Grupo de Artilharia de Campanha), em Jundiaí, justamente sua cidade natal, localizada no interior do Estado.
Tradição de arbítrio
A prática de financiamento de ações antidemocráticas é recorrente entre os extremistas no Brasil.
Foi assim durante a ditadura militar, e, como ninguém foi punido, se reapresenta novamente agora.
Nos Anos de Chumbo, antes de o aparelho repressivo estar consolidado, foi o dinheiro do empresariado que financiou a Oban (Operação Bandeirantes, embrião do DOI-Codi), estrutura de tortura por onde passaram milhares de opositores à ditadura dos generais.
À época, era o então ministro Delfim Netto quem recolhia a “caixinha” entre os empresários e repassava o dinheiro para os chefes dos repressores que torturavam, matavam e desapareciam com os corpos daqueles que combatiam os verdugos golpistas.
Na ditadura também havia uma figura que se destacava entre o empresariado golpista.
O presidente do grupo Ultra, controlador da Ultragaz, o dinamarquês Henning Albert Boilesen, não se vestia com ternos verde e amarelos, mas irrigava a repressão com grana, além de articular outros empresários para esse fim.
Segundo relatos, ele também costumava participar das sessões de suplícios a presos políticos.
Acabou justiçado, em 1971, por um comando de guerrilheiros da ALN (Ação Libertadora Nacional) e do MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes).