Neoliberais votam em fascista do Chega acusado de terrorismo para vice-presidência do parlamento português
28 de março de 2024 - 09h02
Por Lúcia Rodrigues
Os deputados do PSD (Partido Social Democrata), da direita neoliberal, mantiveram o acordo com o Chega de apoiá-lo para uma das quatro vice-presidências da Assembleia da República, o parlamento português, mesmo após o líder dos fascistas, André Ventura, ter rompido o pacto com a legenda, que previa o apoio aos neoliberais para a Presidência da Casa.
Diogo Pacheco de Amorim, parlamentar mais velho do Chega, foi eleito vice-presidente com 129 votos, um a mais do que os 50 de seu partido e os 78 do PSD, nessa quarta, 27.
O PSD também garantiu os votos necessários para o Chega eleger um secretário e um vice-secretário para a mesa diretora do Parlamento.
Pacheco de Amorim é ex-dirigente de um movimento de extrema direita que atuou no combate aos comunistas durante o Prec (Processo Revolucionário em Curso), na sequência à Revolução dos Cravos.
Acusado de realizar atentados contra comunistas, ele nega e ameaça processar quem revela seu passado terrorista.
Entre as acusações que pairam sobre o MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal), comandado à epoca por ele, estão uma tentativa frustrada de golpe de Estado em março de 1975, além de cerca de 600 atentados, incluindo explosões de sedes do PCP (Partido Comunista Português) e ataques a bomba contra automóveis e imóveis de comunistas e simpatizantes do Partido.
“Não tenho nem nunca tive, qualquer responsabilidade em qualquer coisa que tenha acontecido. Tinha funções meramente políticas, de análise política . Renego completamente e digo com toda a convicção que não houve rigorosamente nada. Se quiserem, provem. Não podem provar, porque nunca houve. Portanto, não pode haver provas”, declara à imprensa portuguesa o neto de um monarquista amigo de Salazar.
Idenficado como ideólogo do Chega, Pacheco de Amorim tem entre seus objetivos acabar com o Ministério da Educação, considerado por ele reduto de influência do PCP e do Bloco de Esquerda.
Novo governo
O líder do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, apresenta ao presidente da Repúlbica, Marcelo Rebelo de Sousa, nesta quinta, 28, os nomes que vão compor seu gabinete.
Apesar de ter maioria elástica para aprovar projetos no Parlamento, conquistada pelo acordo firmado com o PS (Partido Socialista), analistas políticos consideram que Montenegro deve enfrentar problemas na condução dos trabalhos.
E não está descartada a queda do governo antes do término desta legislatura.