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RETALIAÇÃO

Estados Unidos e Otan aproveitam Guerra na Ucrânia para estimularem xenofobia contra russos

Sanções contra a Rússia envolveram até a Federação Internacional Felina que baniu os gatos russos de competições

28 de março de 2022 - 11h27

Ódio e xenofobia: tática ocidental de manipulação no conflito Rússia-Ucrânia

 

Por Henrique Domingues, em São Petersburgo

Há pouco mais de um mês iniciou-se uma “operação militar especial” da Federação Russa em território ucraniano com o objetivo de desmilitarizar e desnazificar o país para garantir a segurança dos cidadãos das recém reconhecidas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.

Faço questão de utilizar o termo empregado pelo governo russo, porque a guerra em si começou há oito anos, em 2014, durante o golpe de Estado liderado por facções neonazistas fortemente armadas contra o então governo ucraniano, no episódio que ficou conhecido como EuroMaidan.

Mas o movimento ultranacionalista ucraniano já se articula desde os tempos do Império Russo.

Foi após a revolução socialista de 1917, na Rússia, e com o advento da formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que Vladimir Lenin conferiu o status de república para a Ucrânia soviética.

Mas durante a invasão nazista à União Soviética, as forças nacionalistas ucranianas se tornaram colaboradoras das tropas de Hitler e combateram o Exército Vermelho lado a lado com o invasor.

A Rússia sempre foi alvo devido às colossais dimensões territoriais, privilegiada posição geográfica e riquezas naturais incalculáveis.

Por isso, o cobiçado território russo já foi violado diversas vezes ao longo da história por poderosos impérios, como o mongol de Gengis Khan, o francês de Napoleão Bonaparte e o império nazista de Hitler.

Com este breve recorte histórico é possível entender porque na Ucrânia se organizou, cresceu e se fortaleceu um movimento neonazista profundamente russofóbico, que conta com a leniência das potências do “mundo livre” lideradas pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia.

Potências que não apenas toleraram as violentas ações neonazistas na Ucrânia, como as estimularam e financiaram, com o claro objetivo de desestabilizar a região e promover o caos para impedir a ascensão de um mundo multipolar.

Já com o conflito na Ucrânia em curso, o eixo ocidental se aproveitou da crise, para intensificar os ataques econômicos e as iniciativas de isolamento geopolítico contra a Federação Russa.

Tal postura escancara a hipocrisia do imperialismo norte-americano, histórico promotor de guerras, desastres humanitários, bloqueios econômicos e bombardeios sistemáticos em países soberanos, sem nunca ter sofrido uma única punição por isso.

Ao mesmo tempo em que conduz um duro ataque econômico que mira não somente o Estado russo, mas a população civil e seus trabalhadores, os Estados Unidos condena, espetaculariza e propagandeia o sofrimento dos civis ucranianos.

O Império se aproveita da comoção mundial para promover uma campanha de ódio contra os russos, tal qual fizeram com a China no início da pandemia de Covid-19.

Uma campanha de demonização que passa pelo banimento de atletas, artistas, músicos e até mesmo de gatos russos de eventos internacionais, ao estímulo aberto ao assassinato de russos e à glorificação de organizações nazistas nas redes sociais da empresa Meta, como Facebook e Instagram

A propaganda de guerra imperialista assume uma roupagem extravagante e absolutamente repudiável.

Ao longo do tempo sempre demonizaram e desumanizaram povos para justificar genocídios. Foi assim com povos nativos das Américas, povos africanos, povos da Europa que estiveram em desacordo com a linha dos Estados Unidos.

Todos sofreram com esse tipo de propaganda, para que os ataques não gerassem comoção social. A estratégia é antiga. 

Ah, mas os russos estão colhendo o que plantou seu líder Vladimir Putin! Pensemos um pouco além da nebulosa cortina de propaganda. Parece justo que a seleção brasileira de futebol seja banida da Copa do Mundo porque o Bolsonaro colocou fogo na Floresta Amazônica ou avançou contra populações indígenas?

Parece justo que os trabalhadores brasileiros sejam demitidos ao redor do mundo por causa disso?

Parece justo que o assassinato de brasileiros seja abertamente estimulado nas redes sociais pela ação de um governante? É claro que não.

É importante que estejamos sempre vigilantes. Ter opiniões divergentes, ser contra ou a favor de uma decisão política de um governante é natural e faz parte da democracia.

No entanto, abraçar um discurso de ódio, racismo e xenofobia, não é nada natural. E se não estivermos atentos, vamos continuar servindo como massa de manobra para as atrocidades que os senhores do mundo insistem em promover apenas para continuarem sendo os donos de tudo.

Dizer não à xenofobia e ao ódio gratuito aos outros povos é resistir à barbárie e deve estar sempre entre as nossas prioridades humanitárias.

 

Henrique Domingues é mestrando em Negócios Internacionais na Universidade Estatal de Economia de São Petersburgo, na Rússia, e embaixador do Fórum Internacional dos Municípios Brics, que promove trocas de experiências administrativas entre municípios dos cinco países.

 


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