Fúria antissindical começou há 29 anos com greve dos petroleiros, que colocou FHC de joelhos
03 de maio de 2024 - 15h30
Por Lúcia Rodrigues
O maior enfrentamento de trabalhadores ao neoliberalismo nas últimas três décadas começava exatamente há 29 anos, no dia 3 de maio de 1995.
Um movimento que envolveu diversas categorias em greve, mas que aos poucos foram abandonando a paralisação.
Os únicos que permaneceriam de braços cruzados seriam os petroleiros, uma categoria até aquele momento discreta, apesar das greves já realizadas, inclusive durante a ditadura militar.
Seriam esses trabalhadores que dariam nome a maior greve contra o neoliberalismo já realizada no país.
A Greve dos Petroleiros fez cair a máscara de democrata usada por FHC.
O “Príncipe dos Sociólogos”, além de ter determinado a demissão de quase uma centena de trabalhadores, ainda ordenou que o Exército invadisse quatro refinarias: Replan, em Paulínia, Revap, em São José dos Campos, Recap, em Capuava, no ABC, e Repar, em Araucária, no Paraná.
Não teve peito para mandar invadir a RPBC, em Cubatão, onde havia uma greve de ocupação.
Durante 32 dias, trabalhadores, liderados pela FUP, a Federação Ùnica dos Petroleiros, resistiram a todo tipo de ataque da mídia corporativa, do governo e da justiça, que determinou multas milionárias para serem pagas pelos sindicatos da categoria.
Mas o duro foi ter de enfrentar ataques do próprio movimento sindical, como o da direção majoritária da CUT, que queria acabar com a greve, por julgá-la anti-popular.
A falta de combustíveis e gás de cozinha, motivada muito mais pela sabotagem dos distribuidores, do que propriamente pela greve, já que os trabalhadores haviam mantido um esquema de escoamento para o abastecimento da população, foi decisivo para a direção majoritária da Central se voltar contra o movimento.
A greve acabaria no dia 3 de junho, com petroleiros de Cubatão deixando a refinaria carregando a bandeira do Brasil nas mãos.
Haviam acabado de derrotar um governo que queria incluir a Petrobras no Plano Nacional de Desestatização e não havia conseguido.
Mas começava ali também o amornamento da CUT, que passou a valorizar um sindicalismo de resultados em detrimento do enfrentamento de classe.
É claro que as coisas não são mecânicas, mas pode-se dizer que o primeiro de maio de 2024 começou a ser gestado com a inflexão da direção majoritária da CUT no final da greve dos petroleiros de 1995.