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DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA

Delegado da PF que enfrentou madeireiros e governo Bolsonaro lança livro nesta quarta, 5, no Rio

Madeira apreendida na ação coordenada pelo delegado Alexandre Saraiva em Roraima. Foto: Divulgação Polícia Federal

04 de abril de 2023 - 23h32

Livro escancara entranhas do desmatamento da Floresta Amazônica

 

Por Cláudio Eugênio

O delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva travou uma dura batalha contra a indústria de exploração da madeira na região amazônica. Os momentos mais dramáticos dessa história coincidem com o início da gestão de Jair Bolsonaro.

Agora, Saraiva traz uma panorâmica desse período no livro Selva: madeireiros, garimpeiros e corruptos na Amazônia sem lei, que ele lança nesta quarta-feira, 5, às 19h, pelo selo História Real, da Editora Intrínseca, na Livraria da Travessa, do Shopping Leblon, zona sul do Rio de Janeiro.

Depois de dez anos de trabalho como superintendente regional em três Estados da Amazônia Legal (Roraima, Maranhão e Amazonas), o delegado da PF ganhou notoriedade por liderar a maior apreensão de madeira ilegal da história do país e ainda por apresentar ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma notícia-crime contra o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles,  acusando-o de obstruir a fiscalização.

A operação, batizada de Handroanthus (nome científico da árvore ipê), é considerada a maior apreensão de madeira ilegal da história do Brasil, superando a marca de 226 mil metros cúbicos e avaliada em cerca de R$ 129 milhões.

Em um relato contundente sobre o crime ambiental, em todas as suas ramificações, e sobre a destruição da nossa maior floresta, Saraiva defende o uso da ciência e da inteligência na polícia para deter o desmatamento e por fim à longa tradição de impunidade e vulnerabilidade na Amazônia.

Em uma atitude insólita — porém coerente com a política de destruição ambiental do governo  Bolsonaro —, Salles havia questionado o trabalho policial e exigido que a carga fosse devolvida aos madeireiros investigados.

“A organização criminosa que lucra milhões de dólares com a depauperação da Amazônia exerce influência não apenas sobre ministros, senadores, deputados e governadores, mas também sobre policiais, fiscais ambientais, juízes, promotores, delegados e outros funcionários públicos”, afirma Saraiva.

A resistência do delegado, que não se intimidou diante das pressões políticas, resultou em sua exoneração do cargo de superintendente regional. Ele também passou a receber mais ameaças de morte e ainda hoje precisa lidar com uma implacável perseguição por meio de processos administrativos e judiciais.

Saraiva é formado em Direito pela UFF (Universidade Federal Fluminense), tem doutorado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e é delegado da Polícia Federal há 19 anos.

 

Cláudio Eugênio é jornalista

 


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