Brasil está de volta para reatar laços com o mundo, afirma Lula em discurso na COP27, no Egito

16 de novembro de 2022 - 14h59

Por Lúcia Rodrigues

Com um discurso histórico, que recoloca o Brasil como protagonista mundial, Lula falou nesta quarta, 16, aos líderes do planeta que participam da COP27, a Conferência do Clima da ONU, no Egito.

“Quero dizer para vocês, que o Brasil está de volta”, enfatizou o presidente eleito, arrancando palmas da plateia.

“Está de volta para reatar os laços com o mundo. Para combater a fome, cooperar com os países mais pobres, sobretudo os da África.”

Lula lembrou que o mundo acompanhou com apreensão a eleição brasileira, porque dela não dependia só a paz e o bem estar do povo brasileiro, mas também a sobrevivência da Amazônia, e, portanto, do planeta.

“O povo fez a sua escolha e a democracia venceu. Com isso, voltam a vigorar os valores civilizatórios, o respeito aos direitos humanos e o compromisso de enfrentar, com determinação, as mudanças climáticas.”

Ele ressaltou que, desde 2019, o Brasil enfrenta um governo desastroso em todos os cenários.

“No combate ao desemprego e às desigualdades, na luta contra a pobreza e a fome, no descaso com a pandemia que matou 700 mil brasileiros e brasileiras, no desrespeito aos direitos humanos, na sua política externa que isolou o país do resto do mundo, e também na devastação do meio ambiente. Não por acaso a frase que mais tenho ouvido de líderes de diferentes países é: ‘O mundo sente saudade do Brasil’.”

E aproveitou o momento para cutucar a cúpula da ONU, ao lembrar que o mundo em que a organização foi criada, não é mais o mesmo, e que é preciso ampliar o número de países em seu Conselho de Segurança.

“É preciso incluir mais países no Conselho de Segurança da ONU e acabar com o privilégio do veto”, discursou, arrancando novamente aplausos da plateia.

As mudanças climáticas voltaram a ter do Brasil, a atenção necessária para seu enfrentamento. “Ninguém está a salvo. A emergência climática afeta a todos, embora seus efeitos recaiam com maior intensidade sobre os mais vulneráveis” frisou.

“A luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza.”

O presidente eleito também estabeleceu compromissos para serem efetivados pelo país. “Não há segurança climática para o mundo, sem uma Amazônia protegida. Não mediremos esforços para zerar a degradação de nossos biomas até 2030.”

E lembrou que a devastação ambiental promovida pelo governo Bolsonaro ficará no passado e que os crimes serão combatidos sem tréguas.

“Quero aproveitar esta Conferência para anunciar que o combate à mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do meu próximo governo”, destacou, arrancando mais palmas.

“Vamos recriar e fortalecer todas as organizações e sistemas de monitoramento que foram desmontados nos últimos quatro anos, Vamos punir com todo o rigor.”

Lula também antecipou ao mundo, que seu governo terá um ministério comandado pelos povos originários.

“Para que os próprios índigenas apresentem ao governo propostas de políticas que garantam a eles sobreviência digna, segurança, paz e sustentabilidade”, disse, sendo respondido com mais palmas.

Assista abaixo a íntegra do discurso de Lula na COP27.