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GOVERNO BOLSONARO

Preço pago por brasileiro no litro da gasolina está engordando rendimentos de acionistas privados

Foto: Arquivo Agência Brasil

25 de maio de 2022 - 12h34

Manipulação na estrutura de preços da gasolina

 

Por Fernando Siqueira

Dando sequência à série de artigos que explicitam a manipulação dos preços dos combustíveis pela atual direção da Petrobrás e a transferência de recursos do povo brasileiro para os acionistas privados (63,25% do capital total da Companhia), mostraremos a manipulação dos preços da gasolina.

Lembrando que tudo o que está ocorrendo tem o objetivo de jogar a opinião publica contra a Petrobras visando privatizá-la sem que haja reação do povo brasileiro.

Vamos detalhar e justificar esta afirmação no próximo artigo.

Buscando na internet a estrutura de preços dos combustíveis, vemos que a estrutura referente à gasolina C (comum) tem a seguinte participação, em reais, dos diversos participantes envolvidos:

ICMS – 1,75 (24%); Distribuição e revenda – 1,01 (13,8%); Remuneração do etanol misturado na gasolina – 1,04 (14,25); Impostos federais – 0,69 (9,45%); Parcela da Petrobrás – 2,81 (38,5%).

O litro de gasolina, nesta estrutura tem o preço total de R$ 7,30 por litro.

Aparentemente, a Petrobrás fica com R$ 2,81 por litro (38,5%). Ocorre que em cada litro de gasolina vendida nos postos, a Petrobras contribui com 73% e o etanol – álcool anidro – misturado à gasolina contribui com 27%.

Portanto, a Petrobrás recebe R$ 2,81 por 0,73 do litro. Ou seja, a sua remuneração por 100% de um litro é, na realidade, R$ 3,85.

Como o custo de produção de um litro de gasolina fica em torno de R$ 1,30, o ganho da Petrobrás é absurdo, cerca de 200%.

Como visto nos artigos anteriores, até 1995 o governo federal detinha 84% do capital social da Companhia.

No Governo FHC, que vendeu 36% das ações na Bolsa de Nova Iorque, por um preço irrisório, essa participação caiu para 37%.

Subiu para 48% no governo Lula com a capitalização feita por conta da cessão onerosa, em que o governo vendeu sete blocos para a Petrobras explorar.

Agora, no governo Bolsonaro, voltou para 36,75%. Assim, 63,25% desse lucro imoral que a Petrobrás vem obtendo, à custa do povo brasileiro, vão para acionistas privados, sendo 42% para acionistas da Bolsa de Nova Iorque.

Ou seja, transfere recursos do povo, que paga preços absurdos, sem justificativa, para acionistas privados. E gera uma inflação perniciosa, que prejudica ainda mais a todos os brasileiros.

Olhando a estrutura de preços supracitada, e o fato de que a Petrobrás recebe R$ 2,81 por 0,73 de um litro, ou seja, R$ 3,85 por litro, vemos que esta parcela da Petrobrás pode ser reduzida de R$ 3,85 para R$ 2,60.

Isto representa obter um lucro de 100%, que ainda é alto, mas permite que ela obtenha recursos para investir na imensa reserva do pré-sal.

Assim, no litro vendido nos postos, 73% de 2,60 são R$ 1,89, que é a parcela que ela deveria receber por litro vendido na bomba.

Portanto, a parcela adequada da Petrobrás (73% do litro vendido) cai dos R$ 2,81 para R$ 1,89. Com isto, aplicando os mesmos percentuais da estrutura de preços acima, teremos as seguintes parcelas em reais se os participantes envolvidos e os acionistas passarem a ter um lucro decente:

ICMS – 1,18 – (24%); Distribuição e revenda – 0,68 (13,8%); Remuneração do etanol misturado na gasolina – 0,70 (14,25%); Impostos Federais – 0,464 (9,45%); Parcela da Petrobras – 1,89 (38,5%); Preço total por litro – R$ 4,91.

Portanto, o litro de gasolina tem que ser vendido por R$ 4,91 e não por R$ 7,30. Não se trata aqui de gerar perdas para os acionistas, mas sim, evitar que eles obtenham lucros imorais como vem ocorrendo, desde 2018.

Reiterando que esta parcela da Petrobras é referente a 0,73 de um litro de gasolina vendido na bomba ao consumidor (0,27 é de álcool anidro).

Logo, o litro de gasolina pode ser vendido na bomba por R$ 4,91 e, ainda assim, gerar bom lucro para garantir os investimentos da Petrobras.

A grande mídia, que Paulo Henrique Amorim chamava de PIG – Partido da Imprensa Golpista – e que defende a privatização da Petrobras, comete uma série de fake news contra a Companhia. Vejamos dois exemplos significativos:

“O preço da Petrobras ainda está 11% abaixo do internacional” e “É bom privatizar a Petrobras, para ter mais concorrência e fazer com que os preços caiam para o consumidor”.

Essas duas mentiras são desmascaradas pelos preços que mostramos no artigo anterior. Nos países que têm monopólio, todos os preços são inferiores aos da Petrobras; nos países que têm concorrência, privada, todos os preços são muito superiores aos da Petrobras.

Vale a pena relembrar o final do artigo anterior, que desmente de forma categórica as falácias dessa grande mídia:

O preço em dólar do litro de gasolina das estatais monopolistas: Venezuela – 0,001; Irã – 0,06; Angola – 0,268; Kwait – 0,348; Malásia – 0,49; Iraque – 0,51; Catar – 0,56; Arábia Saudita – 0,62; Rússia – 0,72; Brasil – 1,20 (Petrobras não é mais executora única do monopólio da União e a distribuição agora é totalmente privada).

Preços das empresas dos países sem monopólio, em dólar por litro: Canadá – 1,34; Japão – 1,43; Coreia do Sul – 1,525; Espanha – 1,736; Bélgica – 1,90; França – 1,91; Alemanha – 1, 949; Inglaterra – 1,96; – Portugal – 2,001; Suécia – 2,068; Dinamarca – 2,148; Holanda 2,282.

Portanto, a afirmação nº 1 de que o preço da Petrobras está 11% abaixo dos preços internacionais, não tem qualquer sentido. A que preços internacionais se referem? A realidade é que o preço da Petrobrás está acima de todos os preços das estatais monopolistas.

Na afirmação 2 vemos que os preços onde há monopólio são muito menores do que nos países onde não há. Portanto, se privatizarem a Petrobrás como defendem os jornalistas da grande mídia, os preços vão subir, ao contrário do que eles afirmam.

Infelizmente, há um grupo de pessoas que é pago para defender os interesses das grandes corporações e dos países hegemônicos. Ou seja, ganham comissões para ajudar a vender as nossas riquezas.

 

Fernando Siqueira é engenheiro, diretor da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras) e presidente da Apape (Associação de Participantes da Petros)


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