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MUNDO

Putin tem mais de 80% de aprovação dos russos após país ter entrado na Guerra da Ucrânia

O presidente Vladimir Putin transformou o rublo em moeda de transação com o Ocidente

18 de abril de 2022 - 20h04

A Rússia vai bem, obrigada! 

 

Por Gezilda Lima, de Moscou 

Hoje faz 53 dias que se iniciou a Operação Militar do Exército russo de desmilitarização e desnazificação da Ucrânia. Além da expectativa em relação ao desfecho da Operação, por aqui, pouco ou quase nada mudou, a não ser o estupendo aumento da popularidade de Putin, que agora atinge 83% de aprovação.

Logo após o anúncio do primeiro pacote de sanções contra a Rússia, sim, houve um certo temor de que as coisas iriam ficar muito ruins. Em um primeiro momento, houve uma corrida da população aos bancos com o intuito de sacar as parcas economias.

Mas tão logo foi anunciado que a moeda russa não sofreria o impacto das sanções, o povo entendeu que não fazia sentido retirar o dinheiro do banco, para escondê-lo embaixo do colchão.  

A partir daí, o que se viu foi o fortalecimento do rublo (a moeda nacional) apagando o pânico inicial.

Mesmo aqueles que detinham valores em moeda estrangeira foram tranquilizados com a informação de que qualquer correntista tem o direito de sacar, em dinheiro vivo, a quantia de até 10 mil dólares, ficando o saldo restante automaticamente convertido em rublos. 

Outro momento em que houve correria foi quando ocorreu o anúncio da saída de empresas estrangeiras do nosso território.

De novo, o barulho foi maior do que o estrago. Poucas empresas cerraram as portas, como o McDonald’s e lojas de grife, como Zara, Adidas e Nike. A procura por produtos dessas empresas não justifica o sensacionalismo feito pelo Ocidente.

Aliás, as medidas de proteção aos trabalhadores anunciadas por Putin só corroboraram o aumento de seu prestígio. Essas empresas fecharam as portas, mas os salários dos trabalhadores foram garantidos, com o anúncio de nacionalizações pelo presidente Putin. 

Os supermercados também chegaram a apresentar momentos de instabilidade, porque o povo russo conhece de perto o que significa a escassez de guerra.  As “vovozinhas” iniciaram uma via sacra a esses estabelecimentos, da mesma forma que ocorreu no início da pandemia, quando foi decretado lockdown. 

Alguns espertalhões se aproveitaram do momento para retirar das prateleiras produtos importados ou aumentar abusivamente os preços. Não foram necessárias muitas multas, para que as coisas voltassem ao padrão anterior. 

Enquanto isso, o aparato governamental se debruçou na elaboração de uma nova planificação da economia, nos moldes soviéticos, para garantir o bem-estar social.

Não é verdadeiro dizer que a nova economia planificada seja uma cópia fiel daquela vivida na era soviética, por tratar-se de uma economia de recorte capitalista, embora em muito se assemelhem. 

Nenhum dos cinco pacotes de duras sanções  impostas pelo Ocidente fez estremecer a economia russa. Ao contrário, a Rússia está cada dia mais altiva, enquanto se vê o mundo estarrecido com a alta de preços e a subida vertiginosa da inflação na Europa, nos Estados Unidos e até mesmo no Brasil. 

A Rússia está instada a provar sua autossuficiência, e tem dado mostras de que, sim, é possível viver sem a subserviência ao dólar. A Rússia não depende dos Estados Unidos, nem tampouco da Europa.

Mas a Europa depende da Rússia ou então terá de se ajoelhar aos Estados Unidos. Pois se até mesmo o banho diário quentinho deixa de estar garantido, o que falar das indústrias que dependem da matéria-prima russa.

Ouve-se por aqui que as autoridades europeias pedem a seu povo que economizem gás, que diminuam o aquecimento de suas casas em apoio ao “herói-ator” da Ucrânia. Tudo isso, porque não aceitam a proposta de Putin, que impõe o pagamento em moeda russa pelo gás e petróleo fornecidos. 

Pode soar estranho porque o rublo russo circula apenas na Rússia. Mas a Rússia pede apenas que o pagamento seja feito em um banco localizado no território russo, em qualquer moeda. E que a moeda paga pela compra seja convertida em rublos nas contas da rede bancária.

Tal medida tem apenas o objetivo de impedir que os valores recebidos e que antes ficavam no exterior, sejam novamente confiscados, a exemplo dos mais de 600 milhões de dólares sequestrados pelas sanções impostas pelo Ocidente. 

Apesar de tudo o que se diz no exterior, o que vemos aqui são anúncios e mais anúncios da retomada do processo industrial. Isso sem falar do desenvolvimento na área cosmonáutica e até mesmo do incremento da indústria no Polo Ártico, já que as condições climáticas para o armazenamento de gás líquido seriam perfeitas. 

De nada adianta as reiteradas tentativas de isolar a Rússia do resto do mundo. Aos poucos vai ficando claro que o país não irá se submeter ao mando imperialista norte-americano.

 

Gezilda Lima é jornalista, diretora de cinema, mora na Rússia desde o ano 2000 e é correspondente do Holofote.


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